Realizador volta, oito anos após ‘Tarde Demais’ e 21 depois de ‘Repórter X’
Entre Repórter X (1987), a primeira longa-metragem de José Nascimento, e Tarde Demais (2000), a segunda, distaram 13 anos. Entre esta e a terceira, Lobos, estreada ontem, passaram oito. É muito tempo, até mesmo no cinema português. “São as vicissitudes de um país que tem um Instituto de Cinema, mas também tem políticas diferentes nestes anos todos que se passaram, em função da escolha dos projectos de filmes e dos realizadores. E isso implica-nos, e à nossa vida. Entre Repórter X e Tarde Demais, e entre este e Lobos,concorri com outros projectos, que não foram aprovados”, explica o realizador, em conversa com o DN.
Um dos projectos apresentados por José Nascimento após Tarde Demais era sobre “miúdos na pré-adolescência, e como havia violência física e prostituição, e isso foi imediatamente antes do problema da Casa Pia, dá-me a impressão que o poder instituído no ICAM na altura não quis que eu tivesse subsídio”, conta o cineasta.
Entretanto, “o Alberto Seixas Santos tinha um argumento que me propôs para eu filmar. Fiz-lhe algumas alterações segundo o meu ponto de vista e acabámos por o retrabalhar, sobretudo a personagem principal masculina, que era mais rústica, mais ligada à ruralidade”.
Lobos é um filme sobre um casal em fuga no interior do país, tio (Nuno Melo) e sobrinha (Catarina Wallenstein), que mantém uma relação incestuosa e estão envolvidos numa tragédia familiar. Pelo caminho, o homem tem um encontro inesperado: o filho que não conhecia (interpretado por Francisco Nascimento, filho do realizador) , abrindo uma nova porta dramática na história.